Saturday, 29 January 2011

Augusto Alves da Silva, OPERA - Fundação EDP

Augusto Alves da Silva, OPERA



Augusto Alves da Silva, OPERA - Fundação EDP

Museu da Electricidade
28 de Janeiro a 20 de Março
Ter | Dom das 10h às 18h

A exposição resulta de uma parceria entre a Fundação EDP e o TNSC que, em 2006, encomendou a vários fotógrafos um levantamento das instalações daquele que permanece como o único teatro de ópera do país.

Augusto Alves da Silva - Domingos 13 e 27 Fevereiro às 11h30 - A ARQUITECTURA NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA, visita com Luísa Santos
Augusto Alves da Silva - Domingo 6 Março às 11h30 - RETRATOS DE UM LUGAR, visita com Luísa Santos

Monday, 24 January 2011

Jimmie Durham









































































Henning Lundkvist

























Monday, 3 January 2011

Alessandra Sanguinetti by Luisa santos


Alessandra Sanguinetti

Tales of Resistance and Change. Artists from Argentina.
Frankfurter Kunstverein, Frankfurt

20.Agosto – 30.Outubro 2010

Texto Luísa Santos

Tales of Resistance and Change. Artists from Argentina (Histórias de Resistência e de Mudança. Artistas da Argentina) surge sob o pretexto da Feira do Livro de Frankfurt de 2010, ano em que o país convidado é a Argentina. A exposição é um conjunto de olhares à prática artística contemporânea dos últimos dez anos, um período marcado por tensões políticas e económicas. A escolha do curador Argentino Rodrigo Alonso foca trabalhos e projectos em que os meios usados são directamente ligados com a percepção política e por um desejo de mudança social. Os trabalhos de Tales of Resistance and Change. Artists from Argentina têm em comum a partilha de processos e objectivos de artistas ou colectivos de artistas, agentes culturais e activistas.

O contexto Argentino
A Argentina é um país conhecido pelos esforços contra a impunidade e a exclusão social. A história da Argentina inclui diversidade de factos como a imigração do final do séc. XIX, o movimento populista de Peron e o regime militar do final do séc. XX em que milhares de pessoas perderam as vidas. Desde a recente crise económica, têm surgido vários movimentos de luta por justiça social.

A capital da Argentina, Buenos Aires, é casa para muitos grupos de activistas e organizações de direitos humanos. Estudantes viajam de todas as partes do país para conhecer e juntar-se aos activistas, líderes indígenas, organizadores rurais e outros grupos que partilhem as angústias e sonhos para o país.

Ao longo da última década, a arte na Argentina tem-se relacionado cada vez mais com a exploração das condições de produção no país e com projectos direccionados a grupos específicos da população. Depois de décadas de produção artística orientada para um mercado conduzido a políticas neo-liberais, a crise financeira criou respostas na arte numa procura de mudanças sociais.

No cenário da instabilidade de um novo século, artistas desenvolveram tácticas, projectos, e metáforas de resistência e transformação.

A união faz a força
A trabalhar de diferentes modos e com os meios disponíveis, muitos artistas examinam as condições sociais que os rodeiam e exploram as condições, os potenciais e as possibilidades para acção. De um modo natural, surgem projectos colaborativos com aspirações à integração social em que artistas e grupos de cidadãos partilham experiências e conhecimentos como meios de transformação imediata de realidades locais. Em alguns casos, há processos de integração entre artistas e grupos sociais minoritários. Um bom exemplo de integração seleccionado por Alonso para Tales of Resistance and Change. Artists from Argentina é o projecto Eloísa Cartonera, uma casa de publicação e um projecto editorial iniciado em 2003 pelos artistas Washington Cucurto (n. 1973) e Javier Barilaro (n. 1974). A produção dos livros faz a ligação entre a distribuição da literatura com o trabalho "cartoneros" (as pessoas que apanham cartão do lixo para vender). Os artistas usam textos fotocopiados doados por autores Latino-Americanos e encadernam-nos com capas de cartão pintado à mão, os mesmos cartões recolhidos pelos “cartoneros”. A distribuição é feita em livrarias e lugares alternativos de fora do alcance da distribuição das publicações convencionais e ajuda a tornar a literatura acessível a um público mais vasto.

Outros projectos que Tales of Resistance and Change. Artists from Argentina foca, servem como reflexões criticas sobre a realidade vivida na Argentina. É o caso do artista Argentino de renome internacional Tomás Saraceno (n. 1973) cujo trabalho consiste em sistemas expansivos interligados que desafiam os limites e a estabilidade dos espaços onde são instalados. Os seus jardins flutuantes podem ser entendidos enquanto processos de reconciliação, em que a natureza aprende a coexistir com a cultura, os espaços artificiais e os ambiente tecnológicos sem que percam a sua vitalidade. Num sentido mais lato – e também mais interpretativo -, estes jardins estes jardins são visualizações de um mundo em constante transformação, onde a sobrevivência depende dos processos de dialogo e adaptação.

As pessoas tomaram as ruas e encontraram a possibilidade de trabalhar em colaboração enquanto modo de lidar com a situação económica e social do país. Artistas Argentinos desenvolveram múltiplos modos de passar as dificuldades do dia-a-dia, aplicando a criatividade e desenvolvendo projectos artísticos para um contexto muito especifico e particularmente exigente.

No inicio do séc. XXI, surgiram todo o tipo de economias alternativas, como clubes de barbearias. Os trabalhadores apropriaram-se das fábricas de que foram despedidos e criaram negócios independentes. O grupo de Buenos Aires formado em 2002 sob o nome TPS -Taller Popular Serigrafia (Workshop de Serigrafia Popular) nasceu de um grupo de artistas e ilustradores cujas actividades entre 2002 e 2007 estavam relacionadas com as demonstrações públicas em Buenos Aires depois da crise de 2001. Durante essas demonstrações, membros do grupo imprimiam imagens relacionadas com os slogans dos cartazes e das roupas dos protestantes enquanto meio de resposta rápida aos acontecimentos políticos. A produção do grupo mostra comentários aos problemas dos trabalhadores, às fábricas que fecham e deixam famílias em meio de subsistência, denúncias à repressão policial, demonstrações de luta por direitos civis e resistência social. O grupo produziu uma revista sobre as actividades e ideias politicas para a exposição no Frankfurter Kunstverein.

O teatro e a performance de rua tornaram-se instrumentos de participação politica, com uma participação massiva dos cidadãos. Seguindo a importância crescente da performance na Argentina, foi criada uma forma especifica de performance, o escrache. Segundo Diego Benegas (Instituto Hemisférico de Performance e Politica, Buenos Aires) “O escrache é uma manifestação politica que emergiu na Argentina no virar do século pela organização H.I.J.O.S. Os membros do grupo H.I.J.O.S. começaram os escraches como modo de mostrar à comunidade a presença de crimes impunes da ditadura (1976-1983).” Outro exemplo também performativo e urbano mas com um tom poético, é o trabalho de Florencia Levy (n. 1979). As estruturas urbanas de Buenos Aires servem como cenário de investigação a Levy. Movida por um interesse em perceber os ritmos, lugares, sistemas operativos e as actividades dos habitantes da cidade, o seu trabalho explora as funções da esfera urbana da perspectiva do individuo. Em "Sistema de caminos: Buenos Aires" (System of Roads: Buenos Aires) Levy acompanha diferentes pessoas enquanto elas e movem pela cidade nos seus caminhos quotidianos para a escola ou trabalho. Num estilo flâneur e voyeur que lembra o trabalho de Sophie Calle (n. 1953, França), através da sua câmara, investiga as suas histórias emoções e pensamentos.

O curador Alonso deixa patente a sua escolha de título ao ínfimo detalhe. A exposição conta histórias – fala da realidade de um país repleto de História com momentos tão marcantes quanto difíceis – pelo que dedicou uma parte da exposição é dedicada a artistas que usam a ficção e os mitos para comentar a História real. Um exemplo notável é o vídeo "The Way Between Two Points (Terra Incognita)" de Sebastián Díaz Morales (n. 1975) que analisa um território sujeito a inúmeras idealizações na Argentina: a Patagónia. No filme, os únicos traços humanos visíveis são a paisagem desolada, legado da indústria do petróleo, mostrada para exemplificar as consequências da suposta prosperidade Argentina. A indústria do petróleo é baseada na exploração de recursos naturais, em que a sustentabilidade é considerada não económica, uma vez que não se vêm benefícios imediatos. Em "The Way Between Two Points" um trabalhador atravessa a vastidão desta terra incógnita repleta de imagens contraditórias de progresso e destruição.

Tales of Resistance and Change. Artists from Argentina poderia ser um título de um livro. Tal como páginas de um livro, as salas desta exposição lêem-se e contam-se no que se acredita ser um caminho colectivo tortuoso e lutador para um final, mesmo que a longo prazo, feliz.

Susan Philipsz, vencedora do Turner Prize 2010 por Luísa Santos


Susan Philipsz, vencedora do Turner Prize 2010

Turner Prize 2010
Tate Britain, Londres: 11.Setembro – 12.Dezembro 2010

Texto Luísa Santos
Londres, Setembro 2010

Estabelecido em 1984 com o objectivo de chamar a atenção do público para a arte contemporânea, o Turner Prize tem um papel relevante na maneira como a arte contemporânea Britânica é recebida tanto nacional como internacionalmente.
Todos os anos, um júri internacional escolhe artistas Britânicos que tenham já trabalho reconhecido, muitas vezes numa escolha marcada pela controvérsia. Os júris do Turner Prize 2010 são Isabel Carlos (directora do CAM, Portugal), Andrew Nairne (director executivo Arts & Strategy, Arts Council, Inglaterra), Philip Hensher (escritor, crítico e jornalista, Inglaterra) e Polly Staple (directora, Chisenhale Gallery, Inglaterra). A exposição mostra trabalhos dos quatro artistas Britânicos na lista anunciada em Abril. O vencedor do Turner Prize 2010 será anunciado em Dezembro do mesmo ano.

Uma breve história do Turner Prize
No género Britânico extremamente rigoroso e muito menos descontraído do que o senso comum dita, o prémio foi construído sob bases sólidas e discussões intensas sobre o “como” e o “porquê” da sua existência. Durante os primeiros anos, o sentimento geral era de que a ideia do prémio sugeria uma corrida e um vencedor numa diminuição do valor da arte. Havia também particular preocupação com a lista dos nomeados, porque nenhum estava a concorrer e viam-se numa corrida em que poderiam perder sem terem sequer escolhido participar. Outra das muitas incertezas era a razão de ser do prémio: para reconhecer o trabalho de artistas Britânicos já de renome? Ou para dar a conhecer novos talentos? E se houvessem os dois tipos na mesma lista de nomeados, como escolher de maneira justa entre eles?

Uma das primeiras questões quando o prémio foi criado, foi o nome do mesmo. Poucos perceberam a relação com o pintor JMW Turner, do inicio do séc. XIX, e muitos questionaram se o artista teria aprovado. Os fundadores do prémio, os Patronos da Nova Arte da Tate Gallery, escolheram o nome deste artista porque o próprio teria tentado estabelecer um prémio para jovens artistas no séc. XIX e, apesar da controvérsia sobre o valor da sua obra em vida, é hoje visto como um dos mais significantes artistas Britânicos.

Hoje em dia, o prémio é atribuído anualmente a um artista Britânico, ou sedeado em Inglaterra, com menos de 50 anos de idade por uma exposição ou outra apresentação do seu trabalho nos 12 meses anteriores à data da atribuição do prémio.

O prémio é atribuído por um júri independente e diferente todos os anos. Os quatro artistas nomeados apresentam uma selecção dos seus trabalhos numa exposição colectiva na Tate Britain antes do vencedor ser anunciado em Dezembro. A decisão não é tomada com base na exposição na Tate mas pelo trabalho que levou à sua nomeação.

Ao longo das últimas décadas o Turner Prize tem provocado debates acesos sobre as artes visuais, em particular da Inglaterra, e continua a ser um dos prémios de maior prestígio a nível europeu. Desde 2004 que o prémio tem um valor generoso de £40,000 (cerca de €47 000).

Os nomeados de 2010
As instalações no limiar entre a escultura e a pintura de Angela de la Cruz (n. 1965, Espanha), lembram o trabalho pictórico muralista do vencedor do ano passado, Richard Wright (n. 1960, Inglaterra).

E, tal como Wright, a artista Susan Philipsz (n. 1965, Escócia) é produto do fantástico ambiente e das escolas artísticas escocesas (Wright estudou, tal como Philipsz, na Glasgow School of Art). Susan Philipsz cria instalações de músicas (não apenas “sons”) em espaços públicos como pontes (Sculpture Projects Muenster, 2007), passagens (The Internationale, 1999, Lituânia) e até cemitérios (Follow Me, 2006, Santiago de Compostela). Entre os quatro nomeados, é talvez a mais inspiradora e a mais reveladora do que é esperado na arte contemporânea.

O Otolith Group (Kodwo Eshun e Anjalika Saga) assume-se como altamente teórico e daí não passa. Quem tem o mesmo tipo de interesse ou percurso cultural (Teoria do Filme, Literatura e Antropologia), percebe e está no mesmo terreno de imagens e referências. Quem desconhece, dificilmente será tocado por citações que vão de Tarkovsky a Derrida e Farocki. Não se trata das citações, que têm um interesse inegável, mas do modo como são transmitidas, num tom distante e já tão reflexivo que dão pouco espaço a um terceiro olhar (o do público).

O ponto realmente inesperado pela negativa do prémio deste ano, é o artista Dexter Dalwood (n. 1960, Inglaterra), do movimento esquecido “novo realismo neurótico” do final dos anos 90. As suas telas são fracas a nível conceptual, especialmente se comparadas com jovens artistas alemães da New Leipzig School ou artistas britânicos da sua geração (como por exemplo Gary Hume, Bob & Roberta Smith e Marcus Harvey).

O futuro ou um regresso ao passado?
Vinte seis anos depois da primeira atribuição do prémio (ao pintor Malcolm Morley em 1984), o outrora controverso Turner Prize arrisca-se a ser recebido com indiferença.

Uma das atitudes mais inovadoras do director da Tate, Sir Nicholas Serota, foi a parceria que criou em 1991 com o Channel 4 para emitir o Turner Prize. Nos anos seguintes, muitos artistas britânicos fizeram trabalho provocativo com o objectivo de criar uma reacção nos media, eram feitos propositadamente para a televisão. Conseguiram a atenção de jornais, rádios e televisões que ganharam audiências (ao mesmo tempo que a arte ganhava outros públicos) a reportar as provocações e os artistas continuaram a criar e a reagir. Foi uma relação intensa, apaixonada e curta.

Nos últimos anos, tem havido uma maturação generalizada paralela a uma quietude que não é própria da arte contemporânea. Afinal, quando pensamos em contemporâneo, pensamos em inovação e não num lugar de verdades absolutas. O vencedor do ano passado, por exemplo, Richard Wright, caracteriza-se por uma pintura sóbria longe de quaisquer características criticas e do frenesim activista de artistas urbanos como Bansky. A atitude do Turner Prize nos últimos anos parece mostrar uma atitude colectiva mais sóbria e acrítica. Mas não são estes pressupostos a antítese da arte contemporânea?

A grande conquista do Turner Prize foi, na década de noventa, a grande audiência de um público muito variado, de arte contemporânea em Inglaterra. Mas, agora que esta conquista é um dado adquirido, será que consegue manter o interesse do público, num modo cada vez mais normativo e menos controverso? Ou, para consegui-lo, terá que voltar ao modo como começou, repleto de desconfiança e apresentações inesperadas? Tal como o Bansky, que, ao contrário dos rumores, não foi nomeado, o Turner Prize é um caso sociológico interessante. Talvez mais interessante sociológica do que artisticamente.